terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Cidade e práticas urbanas

Tive uma brilhante idéia! Pq não publicar os meus trabalhos da faculdade aqui no meu blog. Segue a baixo um texto interessante em que fala das práticas licitas e ilicitas, formal e informal. Praticas estas que compõem o nosso dia-a-dia.


Produção feita com base no texto: “Cidade e práticas urbanas: nas fronteiras incertas entre o ilegal, o informal e o ilícito.”





Eu poderia citar diversos fatos interessantes a respeito deste texto tão formidável e inesquecível. Histórias de um empregado de uma empresa de telefonia, onde ele é um facilitador para levar energia para uma pequena comunidade de um bairro de São Paulo, digo facilitador, pois o mesmo usa praticas ilegais para fazer tal feito. Poderia também falar do traficante que conhece a todos, e todos o conhecem, sendo aquele que ajuda a sua rede social e promove inclusive festas na pequena comunidade, o chamado “patrão”, homem de 28 anos com mulher, mãe e filhos, aquele que conduz as negociações, homem respeitador, gentil e querido por todos (facetas deste personagem que a sociedade parece não conhecer). O texto fala muito sobre o traficante e suas praticas para que a sua “biqueira” esteja sempre em pé e que não haja nenhum problema com a policia local, acertos e desacertos constantes. Poderia falar também da venda de CD piratas, produtos vindo da China em contêineres, onde materiais ilegais transitam o tempo todo em nossas porosas fronteiras “ilegais” que se entrecruzam em meio as tramas que compõem essa realidade da qual falo. Mas esta não é a principal intenção desta discussão, pois não quero de forma alguma estereotipar e nem julgar estas práticas, aliás esta é uma base interessante para a sociologia, ao contrario da sociedade que discrimina e julga tais praticas como ilegais, sua população como segregada e distante de sua realidade, a sociologia estará investigando os mesmos e buscando estudar e compreender os fenômenos que compõem tais tramas e sua relação no nosso cotidiano.



Penso ser significativo relatar minha experiência frente ao texto, para contextualizar a evolução de minha compreensão. Logo de inicio, me pareceu um simples relato a despeito do traficante enquanto problema da sociedade, pensamento este pareado com o senso comum o que foi modificado após acompanhar o novo prisma que a sociologia da vida cotidiana nos revela: através da aproximação das chamadas historias minúsculas, objeto de interesse da “nova” sociologia, foge de visões estereotipadas do crime organizado dos traficantes, e direciona o foco para as diversas relações e conexões com o mundo social, estas microcenas, nascidas na sempre nebulosa trama do ilegal e do licito podem ser consideradas como chave para o entendimento, e caminho para traçar um panorama do mundo urbano atual. O resultado disso muda ponto de vista, e revela um universo de diversas praticas e redes sociais com múltiplas possibilidades .






A questão é problematizada e posta sobre ampla perspectiva, o crime organizado, o trafico enquanto mercado com proporções internacionais, a pobreza, a violência, o crescimento incontrolável das periferias, a modernidade e o controle de grandes grupos, elementos estes intimamente relacionados com uma sociedade exclusivamente capitalista, e resultados de uma serie de variáveis históricas, econômicas e sociais que não podem de forma alguma serem explicadas ou compreendidas simplesmente por uma redução a um único problema que deve ser extirpado da sociedade, ou distorcidos por um discurso midiatizado, moralista ou com falsos juízos de valores. A sociologia da vida cotidiana, todavia aborda estas questões de forma mais global, buscando convergências entre estes diversos mundos, e tramas que construímos, realidades aparentemente distintas, mas que cada vez se fundem mais, fronteiras cada vez mais esfumaçadas, o cenário é cada vez mais incerto, inseguro e fugidio, considerações estas que gradualmente tecem o panorama da sociedade moderna e servem de ferramenta para sua compreensão.

Ivan Panzuto

3 comentários:

  1. Ivan!
    Muito legal...
    Sem dúvida, na medida em que retiramos um comportamento do seu contexto, tendemos a aumentar o peso de variáveis "internas" como se elas existissem por si sós... passa desapercebido que nossas opções são muito mais limitadas do que aparentemente são. E, o que é pior, passamos a tentar compreender as coisas somente a partir de uma análise interna. O que leva sempre a conclusões confusas, generalizações autoritárias e parciais e, por fim, justificativas ideologicas... vai em frente!

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  2. Bonito texto Ivan, nuito bem escrito...

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